segunda-feira, 29 de maio de 2017

AS DIVERSIDADES DA IDENTIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA






                                UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA - UNEB
                                    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS I
                                                     CURSO DE HISTÓRIA






                         AS DIVERSIDADES DA IDENTIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA
                                                                       





                                                 EVIANE OLIVEIRA SANTANA






                                                     
                                                         PINTADAS-BA
                                                                 2017










                                           EVIANE OLIVEIRA SANTANA










                    AS DIVERSIDADES DA IDENTIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA



                                                                            Resumo Indicativo sobre o texto: Sincretismo
                                                                            Afro-brasileiro e Resistência Cultural de
                                                                            Sérgio E. Ferretti .Orientado pela professora de
                                                                            Antropologia cultural: Aline de Assis Santos










                                                             PINTADAS-BA
                                                                    2017








                 AS DIVERSIDADES DA IDENTIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA

O texto Sincretismo Afro-Brasileiro e Resistência Cultural de Sérgio E. Ferretti, trata sobre o
sincretismo religioso e a resistência dos povos africanos em preservar sua cultura. A mistura de
crenças e práticas religiosas, que ocorreu na época da colonização do Brasil e permanece até os
tempos atuais. O catolicismo europeu, as manifestações religiosas africanas e também dos povos
ameríndios, os nativos do Brasil, essa mistura é o que se chama de sincretismo afro - brasileiro.

Vários, antropólogos conceituam o termo de uma forma. Para o antropólogo holandês André
Droogers (1989) o termo sincretismo possui duplo sentido, por um lado é objetivo, neutro e
descritivo na mistura de religiões e por outro é subjetivo na avaliação de tal mistura. Essa análise é
feita a partir de fontes históricas. Na Antiguidade o termo sincretismo é a junção de várias
ideologias opostas, contra um inimigo comum. O Dicionário Aurélio Buarque de Holanda afirma
que é ''Um sistema filosófico ou religioso que combina os princípios de diversas doutrinas ''. A
partir do século XVII, a concepção de sincretismo tornou-se negativa, vistas com maus olhos,
principalmente no Brasil quando se fala em religiões afro-brasileiras. Mas o autor Sérgio E. Ferretti
afirma, que todas as religiões são sincréticas tanto a Umbanda e em outras tradições religiosas
africanas, quanto no Catolicismo primitivo ou atual, popular ou erudito, como em qualquer religião.

Algumas religiões julgam-se como verdadeiras e puras e por isso julgam a próxima como
indigna e imoral, principalmente as religiões africanas que sofrem preconceitos, porém essa ideia de
pureza é ideológica, cada qual com as suas práticas procurando fazer o melhor possível, que se opõe
ao sincretismo, pois este seria a mistura e a contradição. Isso voltaria para o princípio de dominação
de uma religião sobre outra. Para Pollak-Eltz (1996, p. 3) A pureza religiosa é uma ideologia e um
mito. Na realidade é bem diferente as ações religiosas sempre tem traços de uma outra religião.

Hoje as religiões afro - brasileiras condenam o sincretismo afro - católico pois não precisam
mais se esconder por trás da religião colonial europeia, esta que perseguiam as manifestações
africanas, compactuando com o sistema escravista na época colonial. Hoje a religião católica tenta
entender as diversidades. Para a autor Sérgio E. Ferretti essa mudança de atitude é porque estão
preocupados com a concorrência de outras práticas e com a redução de seu rebanho.

Uma polêmica sobre separar a cultura afro - brasileira e a afro - católica é também separar
santos de orixás, que ainda na cotidianidade é confundido e cultuado como a mesma coisa, porém
não pode discriminar qualquer prática de culto, sendo afro ou de outras religiões populares.
Segundo Thornton, desde muito cedo, práticas cristãs foram misturadas com práticas das religiões
africanas, dizem que os africanos usavam a crença em santos para a adoração a seus deuses, por isso
ele afirma que “… a complexa interação histórica transatlântica entre religiões europeias e africanas
nos séculos XVI e XVII era muito mais sincrética e tolerante do que se pode imaginar…”

Os santos católicos, tem grande influência no Brasil, principalmente entre a população
negra, dentre eles destaca se no texto, Santo Antônio que na religião africana é o deus Exú. Robert
Sienes (1992, p. 64), inspirado em trabalho da historiadora Mari Karash e outros, mostra que “Santo
Antônio dos negros, oferecia um exemplo da capacidade de pessoas da África Central interpretar
símbolos e objetos rituais estrangeiros nos termos básicos de sua cultura de origem”. Outro santo
que se destaca é São Benedito. Segundo Bastide (1971), festas para São Benedito, que faleceu em
1589, eram realizadas no Brasil em inícios do século XVIII, sendo já considerado protetor dos
negros. Seu culto permaneceu à margem do catolicismo ortodoxo, só foi autorizado pela Igreja em
1743 e sua canonização data apenas de 1807.

Há muito sincretismo nas festas religiosas populares, os estudos feitos pelo autor sobre os
terreiros de tambor de mina, no Maranhão demostra essa mistura de crenças e práticas culturais. ''É
comum nos terreiros de mina a realização de festas do Divino Espírito Santo, de tambor de crioula,
de bumba-meu-boi, banquete para os cachorros, ladainhas, procissões e outros rituais que são
oferecidos em homenagens e como pagamento de promessa a caboclos, voduns e encantados ''. Ou
seja, o sincretismo não desapareceu não é coisa do passado, assim como tais manifestações não
podem ser ridicularizadas, ou vistas como superstições, já que são traços de uma cultura africana,
que precisa ser valorizada assim como qualquer outra.

Os sincretismos surgidos no Brasil foi a fusão de cristão - indígena, africano - cristã,
indígena -africana, indígena -cristão -africana. Dando origem às centenas de cultos, festejos
populares, folguedos, lendas, personagens, superstições, ritos e práticas sociais. Mas a luta foi
grande, com a chegada dos escravos no Brasil foram obrigados a seguir a doutrina católica, aqueles
que não aceitavam tais imposições eram castigados e torturados. Foi proibido cantar e rezar na
língua de origem, foi a partir daí que começa a acontecer o sincretismo que dará origem a Umbanda
Sagrada. Na época da escravidão, os escravos africanos criaram uma maneira inteligente de cultuar
os seus deuses, invocando - os através dos santos católicos, pois foi a única maneira de preservar a
sua cultura religiosa, conseguindo convencer o homem branco que cada orixá convocado era um
santo do céu. E assim conseguiram permissão para celebrar, seus atos religiosos com segurança e
sem perseguições. Essa foi uma forma de resistência cultural.

Os quilombos, foram também um grande exemplo da resistência negra, principalmente
aqueles perto aos centros urbanos, pois demonstra que os negros não fugiram e sim lutaram por seus
direitos, formando comunidades camponesas negras. O historiador Stuart Schwartz (1987, p. 76)
analisando o quilombo do Buraco do Tatu, próximo à Salvador, que foi destruído em 1763, afirma
que: “desenvolvia tradições sincréticas, fundindo elementos brasileiros e africanos.” O que se pensa
quando fala se em quilombo, é um abrigo de negros refugiados e marginalizados, mas aprofundando
na historiografia, analisando vários contextos, é possível perceber que não foi bem, como se diz a
história comum. Assim afirma o historiador João José Reis.

[...] É óbvio que escravos e quilombolas foram forçados a mudar coisas que não mudariam se não submetidos à pressão escravocrata e colonial, mas foi deles a direção de muitas dessas mudanças, pois não permitiram transformar-se naquilo que o senhor desejava. Nisso, aliás, reside a força e a beleza da cultura   que escravos e quilombolas legaram à posteridade. (Reis, 1996, p. 20)

O sincretismo é o contato de culturas diferentes e a adoção de costumes de uma outra
cultura, é traço da identidade brasileira, como por exemplo o futebol que foi trazido pelos europeus,
mas que foi absorvido na cultura brasileira. A partir da convivência com uma cultura diferente é
possível uma transformação na construção cultural do outro. Já a aculturação é uma mudança
drástica de costumes, deixando o original para uma adoção de uma nova cultura. Uma preocupação
da antropologia brasileira é a possibilidade da destruição das culturas indígenas que ainda resistem,
em certa medida, no país, mas mesmo tendo uma sociedade globalizada, ainda há traços da cultura
indígena, na culinária, no vocabulário, em conhecimentos populares sobre medicina natural. Por
isso para acabar de vez com uma cultura, só por meio de um genocídio cultural de uma etnia.

Atualmente o sincretismo afro- brasileiro é dispensável para alguns líderes e intelectuais,
pois surgiu como estratégia de sobrevivência, para não aceitar dominação. Hoje a sociedade é
pluralista se discutem direitos das minorias, como dos movimentos negros e de comunidades afro -
religiosas. A mistura é um modo de aculturação, que é a modificação cultural, adaptando a uma
outra cultura, a transmissão de certos elementos, que é aceita por alguns e rejeitada por outros. A
aculturação leva a desintegração de uma ou mais culturas, ocasionando muitas vezes a
desorganização social, que pode acontecer o desaparecimento ou detrimento da cultura própria. A
colonização é uma causa externa de aculturação mais comum. Que foi um processo de aculturação,
onde prevalecia formas de poder entre os dominantes oprimindo os dominados, a forma como os
europeus lidavam com índios e negros, bem como na maneira com que tentaram incutir nestes
alguns costumes e valores, como o catolicismo enquanto religião.

A transculturação descreve as alterações culturais que têm lugar ao longo do tempo, não
sendo conflito e sim um fenômeno de enriquecimento cultural é a adaptação dos traços de uma
cultura alheia como sendo próprios o afro-brasileiro é ao mesmo tempo católico e praticante de
outras religiões. Em 1936, num Memorandum para o estudo da aculturação, Redfield, Linton e
Herskovits definem a aculturação como o conjunto dos fenômenos que resultam do contacto
contínuo entre grupos de culturas diferentes, provocando alterações nos modelos patterns iniciais
dos grupos em presença.

Mesmo reduzido o sincretismo, este não desapareceu, está presente na vida das pessoas, pois
mesmo acreditando em uma religião, está a participar e conhecer outras, porém existem ainda,
muita intolerância religiosa, ondem julgam-se ser donos da verdade. Desde muito cedo as práticas
cristãs foram misturadas as práticas das religiões africanas.

O catolicismo popular tem características que se distanciam da doutrina católica oficial.
Cultuam-se os santos, em muitos casos, antes de Deus. Quase não se recorre ao grande Deus para
fazer pedidos e promessas. Mas sim aos santos e santas. E dentro da lógica espiritualista, os santos
são entidades espirituais poderosas que tem sua força na vida das pessoas que lhe atribuem fé. Essa
manifestação popular tem uma ligação histórica com as religiões africana porque os negros,
intermediava-se santos para a adoração a orixás.

As religiões afro - brasileira surgiram com o contato entre nações africanas. Os escravos de
várias regiões da África traziam consigo várias crenças que se modificaram no espaço colonial. a
Igreja Católica representava a religião oficial do espaço colonial, por isso reprimia as manifestações
religiosas dos escravos e lhes impuseram o paradigma cristão. A participação dos negros nas
manifestações católicas aparentemente aparentava a conversão religiosa dessas populações e a
perda de sua identidade, porém muitos escravos, mesmo se reconhecendo como cristãos, não
abandonaram a fé nos orixás, voduns e inquices oriundos de sua terra natal. Por fim, o sincretismo
religioso acabou articulando uma experiência cultural própria.

As religiões afro-brasileiras de maior destaque são: Tambor de Mina ou Mina Nagô,
Umbanda e Candomblé: Umbanda. -Há elementos das religiões dos povos bantos - grupo
etnolinguístico localizado, principalmente, na África subsaariana, que engloba cerca de 400
subgrupos étnicos diferentes -, extremamente monoteístas e dedicados ao culto de mortos, do
catolicismo, dos ritos e das crenças indígenas e de outras crenças espiritualistas (entre eles, o
espiritismo kardecista, o esoterismo etc.). É uma prática religiosa que se desenvolveu a partir do
início do século XX, tendo uma rápida expansão pelo País.

Mina – Os terreiros de Mina Nagô ou Mina do Pará representam a tradição afro do Pará. É
uma tradição considerada sincrética, pois é uma mistura da tradição maranhense (Tambor de Mina),
fortemente influenciada pela tradição baiana (Candomblé). No entanto, são inegáveis as
semelhanças existentes entre o Tambor de Mina maranhense e o culto Mina Nagô, designado de
tradição afro - paraense. No processo histórico de formação dessa religião de matriz africana, o
culto às divindades expandiu-se tanto para São Luís quanto para Belém.

Candomblé - Religião que cultua basicamente os Orixás dos povos bantos, vistos como
ancestrais divinizados que passaram a ter controle sobre a natureza. A crença do Candomblé procura
a harmonia com a natureza e seus deuses, transmitindo o axé - força mágica e sagrada que anima a
vida, recriando um elo perdido com a escravidão: a ancestralidade. Esse poder é transmitido aos
homens, que podem aumentá-lo ou diminuí-lo, de acordo com a sua própria vontade, seja pelo ritual
de iniciação, seja por comportamentos que busquem a harmonização do indivíduo com o mundo
que o cerca.“Religião (do latim religare, significando religação com o divino) é um conjunto de
sistemas culturais e de crenças que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a
espiritualidade e seus próprios valores morais” 1·. De maneira mais simples, segundo o dicionário
Aurélio (1993, p. 471), “religião é a crença na existência na força ou forças sobrenaturais;
manifestação de tal crença pela doutrina e rituais próprios; devoção”

Dentro das mais variadas culturas, o culto ao sobrenatural apresenta-se como fator de estabilidade social e de obediência às normas sociais. As religiões e as liturgias variam, mas o aspecto religioso é bem evidente. As pessoas procuram  no misticismo e no sobrenatural algo que lhes transmita paz de espírito e segurança. Por isso a religião sempre desempenhou uma função social indispensável. (OLIVEIRA, 2002, p.169).

O Brasil possui maioria católica, 73,6%, seguida de longe pelos evangélicos com 15,4%, os
espíritas com 1,3 % e praticantes de umbanda com 0,3% (IBGE, 2012a). Fala-se muito na
(re)africanização que é a valorização mais ou menos consciente de uma determinada tradição, de
uma ideia de África e de autenticidade cultural, em delimitação a outras tradições religiosas.

Combate-se, sobretudo, aquela concepção que associa e mescla divindades africanas com
santos católicos. Argumenta-se, não raramente (como, p. ex., no chamado manifesto contra o
sincretismo assinado por cinco importantes ialorixás de Salvador, na ocasião da Segunda
Conferência Mundial da Tradição Orixá e Cultura, em 1983) que o sincretismo era uma estratégia
de sobrevivência válida enquanto vigorava o sistema de escravidão, mas não se justifica mais na
contemporaneidade. Constata-se que os processos históricos contribuíram para distorcer o caráter
verdadeiro da religião africana e entende-se que é necessário restaurar a pureza original para
devolver ao culto dos orixás a dignidade que perdeu parcialmente durante a escravidão (cf.
CAMPOS, 2003, p. 44-48; cf. CONSORTE, 1999, p. 90).

Para ela [Dantas]1, os terreiros que conhecemos hoje em dia não são simplesmente manifestações da “contribuição” do negro ao melting pot brasileiro. E nem, tampouco, resultado de um longo e mecânico processo de “resistência” dos negros contra a dominação dos brancos. A autora descarta essas duas “histórias oficiais” para  mostrar que a configuração das religiões afro-brasileiras não se dá apenas através do embate entre brancos dominantes e negros dominados, nem tampouco através de uma simples mistura de culturas; mas sim através de uma série de alianças e conflitos que entrecruzam as fronteiras entre senhores, escravos, políticos psiquiatras, policiais, homens poderosos de negócios, pais e 11 mães de santo, padres e antropólogos (FRY, 1988, p. 15) .

O autor Sérgio E. Ferretti, considera que as religiões afro - brasileiras é uma mistura africana e
brasileira, que foi possível pelo sincretismo, e está presente na religiosidade popular, nas manifestações, nas procissões, nas comemorações dos santos, nas diversas formas de pagamento de promessas, nas festas populares em geral.

1 . O livro Vovó nagô e papai branco: usos e abusos da África no Brasil (1988), de
Beatriz Góis Dantas





REFERÊNCIAS
http://www.graduacaounead.uneb.br/pluginfile.php/35653/mod_resource/content/1/Texto
%20Resumo-%20Atividade%20Regular.pdf
https://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?
cod=7351http://brasilescola.uol.com.br/religiao/as-religioes-afrobrasileirassincretismo.
htmhttp://www.cchla.ufrn.br/Vivencia/sumarios/40/PDF_para_INTERNET_40/07_And
reas_Hofbauer.pdf
https://dicionariodoaurelio.com/sincretismo
https://www.todamateria.com.br/sincretismo-e-religioes-afro-brasileiras/
https://www.significados.com.br/sincretismo/
https://estudodaumbanda.wordpress.com/2009/02/20/4-sncretismo-religioso-e-suas-origens-nobrasil-
parte-1/
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/candomble-e-umbanda-religioesafricanas-
e-sincretismo-religioso.
htmhttp://estrategistas.com/wp-content/uploads/2013/06/Sincretismo-religioso-no-Brasil-Josenilda-
Ribeiro.pdf
https://www.infopedia.pt/$transculturacao
http://conceito.de/transculturacao

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